Crianças e Smartphones – Um Guia Parental de Acordo com Idade

Muitos pais passam pelo processo desgastante de decidir quando devem comprar um celular para os filhos. Qual é a idade certa? Os pais precisam evitar os dispositivos inteligentes para seus filhos porque os aplicativos de redes sociais que são os mais populares hoje em dia também são muito viciantes. A criança que sempre gostou de brincar no quintal passa a preferir ficar dentro de casa e jogar jogos em seu smartphone durante horas.

De acordo com a especialista em parentagem Judy Arnall, autora do livro Parenting with Patience, ou Criando Filhos com Paciência, uma criança costuma ganhar seu primeiro smartphone com cerca de 10 anos. Mas a exposição das crianças às telas começa muito antes. Se você sair para passear, ir a parques ou restaurantes, você verá crianças pequenas usando smartphones com total concentração. Você também verá crianças um pouco maiores imersas em vídeos em suas telas de iPad, deslizando com seus pequenos dedos.

É essencial que os pais pensem duas vezes antes de dar um smartphone aos seus filhos porque o uso de telas pode ter alguns efeitos colaterais únicos.

Aqui está um guia por idade para os pais de acordo com a opinião de especialistas:

4-6 Anos

Os especialistas em crianças são bastante claros em relação a este grupo etário. Eles não devem usar dispositivos móveis ou smartphones. De acordo com a Sociedade Pediátrica Canadense, o tempo passado em frente às telas deve ser de menos de uma hora para as crianças entre dois e cinco anos. Não há conceito de tempo de tela para crianças menores de dois anos.

Por outro lado, a Academia Pediátrica Americana pede aos pais que estabeleçam limites sobre o consumo de mídia para as crianças com seis anos ou mais. Michael Cheng, psiquiatra infantil e da família do Hospital Infantil de Ottawa, Eastern Ontario, relata que o uso de smartphones a partir de uma idade muito nova em efeitos adversos no cérebro de uma criança que ainda está em desenvolvimento.

De acordo com Cheng, dispositivos móveis deixam o cérebro conectado e ansiando por dopamina, a química do bem-estar que nosso cérebro libera. O uso constante de telas leva à estimulação exagerada da dopamina, assim como da adrenalina, o que torna isso viciante. A tecnologia não é toda ruim, mas o seu uso certamente é preocupante e um motivo de crescente interesse. Ela desconecta as crianças de suas necessidades básicas como alimentação, atividade física e ar fresco.

O cérebro perde a sua capacidade de trabalhar para a dopamina quando a criança desenvolve um vício em uma idade tenra. As habilidades sociais também são muito importantes. As crianças precisam interagir com outras pessoas e conversar. Elas precisam desenvolver as habilidades de leitura de expressões faciais e desenvolver empatia desde muito pequenos para entender quando outra criança está triste ou feliz.

Arnall pede que os pais nunca deixem os filhos usar o YouTube sem supervisão. Você nunca sabe o que as crianças podem acessar sem o seu conhecimento. Não use dispositivos digitais como babás.

7-9 Anos

A MediaSmarts compilou um relatório que revelou que 24% das crianças na quarta série têm celulares. Algumas delas tem apenas 8 anos. Cheng tem o mesmo conselho para as crianças desse grupo etário – nada de telefones. Mas se os pais desejam manter contato com os filhos quando estão longe de casa, é melhor usar o velho telefone flip sem acesso à internet.

Você sabia que os grandes nomes da indústria de tecnologia também têm preocupações sobre permitir que seus filhos usem smartphones ou dispositivos inteligentes? Steve Jobs, fundador da Apple, não permitia que seus filhos usassem o iPad e tinha limites em relação à tecnologia definidos em sua casa. O ex-CEO da Microsoft, Bill Gates, não deixou que seus filhos tivessem seus próprios telefones até que fizessem 14 anos.

O motivo disso é que crianças dessa idade não estão cientes das consequências e da permanência de compartilhar coisas online. A criança começa a desenvolver as habilidades de raciocínio crítico aos 13 anos. E então, há o bullying cibernético, Arnall aponta. Ter que lidar com tais coisas não é adequado a essa idade, sem contar que isso é mentalmente e emocionalmente exaustivo. Dos alunos da quarta série que possuem seus próprios smartphones, cerca de 1/5 usa as redes sociais como Snapchat e Facebook, mesmo com as políticas dessas plataformas afirmando claramente que seus usuários devem ter pelo menos 13 anos de idade.

O CPS instrui que crianças de 5 a 11 anos não devem usar as telas por mais do que duas horas ao dia.

10 – 12 Anos

Os pais devem colocar limites estritos no uso do telefone deste grupo etário. E seria melhor ainda se eles tivessem seus celulares, mas não pudessem acessar a internet. 10-12 anos ainda é uma idade muito vulnerável. O tempo em excesso no celular pode criar hábitos que não são saudáveis e até mesmo mudanças no comportamento de uma pessoa.

Cheng relata que as pessoas têm transtornos no padrão do sono, transtornos alimentares e consomem mais alimentos que não são saudáveis devido ao vício nas telas. Crianças ficam mais agressivas por conta de videogames. As crianças ficam tão viciadas em jogos online ou nos jogos no telefone que passam o dia inteiro grudadas na tela, desde o momento em que chegam da escola até irem para a cama. Elas querem passar mais tempo sozinhas, não têm vida social. Jogar o dia inteiro, não fazer atividades físicas e consumir alimentos que não são saudáveis está levando as crianças ao sobrepeso.

O uso de dispositivos com telas afeta a saúde mental das crianças também. A maioria das pessoas não se importa com isso, mas a depressão das redes sociais existe. O uso excessivo de smartphones e redes sociais levam a danos emocionais. As crianças se tornam muito dependentes dos outros e da validação dos colegas nessa idade. Eles levam a ideia de “ser aceito” longe demais.

Cheng diz que nós não deixamos crianças de 12 anos dirigir, o motivo principal é que os carros são perigosos, porque deixaríamos uma criança de 12 anos ter um celular que também pode causar danos físicos e mentais? A maioria das crianças hoje em dia ganha seu primeiro smartphone aos 10 anos. As meninas desse grupo etário são particularmente vulneráveis de acordo com este estudo. Quanto mais tempo as crianças passam nas redes sociais, maiores são as chances de apresentarem problemas comportamentais e emocionais.

Especialistas recomendam a instalação de controles parentais e aplicativos nos smartphones das crianças. Os pais também devem evitar usar o telefone como meio de disciplina em casa. As crianças que temem o confisco do telefone ou qualquer outro castigo, são mais propensas a não serem honestas e abertas com os pais sobre seus problemas e quaisquer outras questões que estejam enfrentando no mundo real ou digital. Os pais podem criar um contrato por escrito, antes de comprar um smartphone para os filhos, que destaca as regras e expectativas do uso saudável e seguro do smartphone.

Adolescentes

O último grupo etário que temos são os adolescentes. Cheng sugere que uma criança deve ter pelo menos 16 anos para ganhar seu primeiro smartphone. O motivo para isso é o aumento da taxa de depressão entre adolescentes por conta do vício em tecnologia. Eles sofrem de ansiedade, automutilação e pensamentos suicidas. As estatísticas são alarmantes. Há uma ligação clara entre o uso exagerado de dispositivos móveis e um aumento nas questões de saúde mental. Mais pessoas estão buscando serviços de saúde mental nos hospitais. Cheng relata que houve um aumento de 50% em crises de saúde mental nos últimos dois anos e um aumento de 146% na admissão de pacientes de saúde mental a partir de visitas emergenciais nos últimos cinco anos.

Levando isso em consideração, os pais devem adotar uma abordagem mais ativa para garantir que os seus filhos sejam usuários responsáveis da internet e de smartphones no geral. Há diversas coisas que podem ser feitas para ajudar o seu filho a se engajar com você ou com o mundo real ao invés de ficar sentado em frente a uma tela. Transforme seus finais de semana em momentos livre de tela. Isso pode ajudar os pais e os filhos a se desligarem um pouco da tecnologia e curtirem seus hobbies ou qualquer outra atividade que não envolva dispositivos tecnológicos. Você sabe o que é melhor para o seu filho e deve fazer isso. Não deixe que outros pais convençam você a fazer o que eles fazer com os seus filhos.

Muitos adolescentes sofrem de questões de saúde física e mental devido ao uso exagerado das redes sociais e da tecnologia. Embora a maioria dos aplicativos de redes sociais recomende que crianças de menos de 13 anos não devem usar um smartphone, os pais precisam levar em consideração a maturidade da criança também.

Além da ligação entre hábitos inativos e maior tempo em frente às telas, os pais devem prestar atenção em outros aspectos tão importantes quanto o impacto das telas nas capacidades visuais. Uma pesquisa com 200 crianças americanas entre 10 e 17 anos revelou que 80% delas já sentiu os olhos coçarem, arderem ou cansados após usar o telefone. Isso também é chamado de tensão visual digital. Os adolescentes não devem ter mais do que duas horas de tempo de recreação por dia em frente às telas e definitivamente fazer intervalos de 30 ou 60 minutos.

Os pais precisam estar alertas. Os adolescentes não têm vida fácil já que precisam lidar com muitas mudanças físicas e psicológicas. Os pais não devem tentar apenas administrar o uso do telefone pelos adolescentes, mas também buscar quaisquer indicações de bullying cibernético ou assédio. Infelizmente, os casos de bullying que acontece nos corredores escolares chegou aos e-mails e redes sociais dos adolescentes. As redes sociais são estressantes. Todos os filhos precisam da orientação e assistência dos pais para lidar com isso.

Os adolescentes devem usar redes sociais para se conectarem com os amigos da vida real. As redes sociais podem ajudar a fortalecer a ligação entre esses amigos. As redes sociais não são um lugar seguro para conhecer novas pessoas já que isso pode levar a desilusões. Eles podem ser qualquer pessoa. Perseguidores, aliciadores, predadores sexuais, pedófilo ou qualquer outra pessoa buscando roubar as suas informações pessoais.

Aqui estão algumas ficas rápidas e fáceis para os pais em relação aos smartphones:

  • As redes sociais são um lugar onde todo mundo quer ganhar e se tornar popular. A pressão é enorme e as crianças não conseguem lidar com isso facilmente. Ensine para seus filhos que não tem problema não receber inúmeros comentários ou curtidas em uma foto ou status. Ajude-os a encontrar interesses além das redes sociais.
  • Não ceda às pressões de seu filho para ter um telefone quando são muito jovens. A idade ideal para que um adolescente tenha um smartphone é 15-16 anos e não demora muito para chegar.

Reúna-se com outros pais e discuta se eles também têm preocupações em relação à tecnologia e ao uso de dispositivos por crianças.

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